Max von Sydow

É evidente de que nesta página não quero discutir a filosofia existencialista, tanto o existencialismo ateu quanto o cristão. Não, não é esta a minha intenção. Porém, como o meu assunto é o cinema e a Sétima Arte é o palco apropriado de muitas questões filosóficas, não poderia deixar de lado os filmes que abordam estas discussões. Portanto, partindo do pressuposto de que sou cristão, tenho um olhar mais carinhoso para os filmes que discutem a má-fé e a fé autêntica, assim como o contraponto de cada uma delas. No entanto, não pretendo transformar esta página, única e exclusivamente num arquivo de filmes religiosos ou que discutem a fé, de maneira alguma. Muitos dos filmes que irão figurar aqui discutirão um existencialismo humanista (não sei se o termo é apropriado), isto é, o homem em relação com suas dúvidas e convicções (entre elas a fé também, é lógico!) e o relacionamento com o meio em que vive e com as pessoas deste mesmo meio. Um exemplo que dou seria sobre "A Trilogia do Silêncio" de Ingmar Bergman, onde, por exemplo, em Luz de Inverno é discutido a crise de fé de um pastor que por este motivo não consegue ajudar um homem que o procura, ou o difícil relacionamento de duas irmãs que se defrontam com o vazio existencial de suas vidas, muito bem abordado no filme O Silêncio. Aliás, Bergman é um prato cheio para esta página! A figura acima destaco o cavaleiro Antonius Block (Max von Sydow) que é enganado pela morte dentro da igreja quando vai se confessar. O filme é o clássico O Sétimo Selo e a questão apresentada é a velha discussão sobre a falta de fé ou a perda da fé ou a má-fé da maioria dos personagens do filme, a ausência de Deus, e entre outras coisas, principalmente, se o homem está preparado para a morte. Mas não apenas Bergman, mas também Dreyer, Tarkovski, Lang, Bresson, Buñuel, Pasolini, Murnau, Majidi, Yimou, Costa-Gavras, Bille August, e muitos outros, discutiram essas questões em seus filmes. E não apenas as reflexões sobre a fé ou a falta da fé, mas também o vazio existencial humano e a dificuldade de relacionamentos das pessoas.
Por último, a página é antes de tudo, um motivo para eu relacionar determinados filmes que normalmente ficariam de fora sem uma denominação apropriada para eles. Como este blog é a minha DVDteca virtual, e cada categoria de filme está relacionado no arquivo correspondente, este é o arquivo sobre os filmes sobre a Fé e o Existencialismo!

Um comentário:

Unknown disse...

Meu amigo, como falar do existencialismo sem falar de Sartre, de O Ser e o Nada. Daqueles loucos preciosos da filosofia e da psicologia que influenciaram toda uma geração de pensadores e também dos não pensadores, porque eu acredito que uma pessoa que passe a vida inteira sem se questionar da existência do ser e do sagrado, vive uma vida não consciente ou até mesmo mais feliz, diga-se de passagem.
No cinema muito tardiamente, tive contato, com Ingmar Bergman. Lembro-me como se fosse hoje do dia em que vi perplexa a película Gritos e Sussurros, posso lhe dizer com absoluta certeza que este filme mudou minha vida e minha maneira de pensar. Descobri em mim uma outra pessoa, muito mais introspectiva do que achava ser, muito mais questionadora. O cinema tem esse poder, o de mudar o homem. Quando vi a Excêntrica Família de Antonia, entendi o significado do ser, da simplicidade e da complexidade da vida. Quando assisti o Sétimo Selo perdi-me no dualismo vida x morte. Quando percorri pela Fonte da Donzela, presenciei o nascimento do sagrado em meio da desgraça e da defloração do corpo. Em resumo quando me perdi nas palavras, na simbologia, na imagem, me senti livre e mais normal, Por saber que os sentimentos que atormentavam meu ser não eram revelados somente a mim, mas a uma légua de brilhantes e gênios por este mundo cinematográfico, literário, filosófico e humano. Eu sou apenas expectadora, dessa teia sempre crescente, que é a vida.